Existe uma crença quase unânime que o tratamento psiquiátrico pode prejudicar a saúde mas o que acontece a nível cerebral é bem o contrário. A fantasia coletiva da imagem de um zumbi viciado em drogas saindo de um consultório de psiquiatria é muito presente em nossa sociedade mas felizmente a realidade é bem diferente. Claro que o passado da psiquiatria não ajuda muito mas já faz tempo que os novos medicamentos deixaram de causar efeitos colaterais como sedação, dificuldade de raciocínio e dependência que eram muito frequentes com os medicamentos do início do século XX. Hoje, século XXI, existe um arsenal terapêutico muito mais tolerável e diverso o que facilita muito a adaptação ao tratamento e melhora dos sintomas. Da mesma forma, a descoberta da epigenética, novo ramo da genética, vem nos mostrando que para pessoas com depressão ou bipolaridade, por exemplo, o tratamento medicamentoso na verdade protege o cérebro. Estudos mostram que o tratamento com fluoxetina e lítio aumentam a quantidade de algumas proteínas, as neurotrofinas, promovendo a diferenciação, o crescimento e a sobrevivência dos neurônios durante o desenvolvimento e a vida adulta. Infelizmente, por conta da desinformação e estigma muitas pessoas acabam deixando de tratar-se por medo de ficar dependentes, zumbis ou terem seu organismo deteriorado o que é biologicamente impossível. Não, o tratamento psiquiátrico não é baseado em soníferos ou “tarjas pretas” e sim na individualização da prescrição de acordo com as necessidades e história de cada paciente.
Assim, espero que esse artigo tenha ajudado na sua decisão em fazer ou não uma avaliação.
Dra Teresa Cristina G. Schaidhauer Médica Psiquiatra CRM-SC 16603 RQE 8505.